A grande ‘cilada’

03/11/2011 04:17
Por Naira Gaioti e Tadeu Casqueiras
 
As piores formas de alguém se endividar é o cheque especial e o cartão de crédito, enquanto um fundo de renda fixa rende no máximo 1% ao mês, uma dívida de cheque especial ou cartão de crédito gera ao banco ou administradora do cartão em torno de 10% ao mês, isto é, dez vezes mais. Algo estrondoso e maléfico a qualquer patrimônio. No Brasil, os consumidores endividados – com cheque, cartão ou carnê – são quase 50%, e o número de consumidores com alguma conta em atraso fica por volta de 40% (Fonte: Fecomercio). De fato, são percentuais realmente altos e confirmam a falta de conhecimento e disciplina do brasileiro.
 
Já entrou nessa “cilada” o caminho mais rápido para se livrar dela seria contrair um financiamento junto ao banco, que beira os 5,0%, para liquidar sua dívida que é corrigida a 10% no cheque especial ou cartão de crédito. Nessa operação você deixaria de pagar 5,0% ao mês, e com isso diminuindo o prazo para liquidá-la, cuidado para não cair na tentação de entrar em um novo financiamento e não quitar o anterior, pois assim você estaria apenas aumentando seu problema em vez de solucioná-lo.

 

Taxas de juros para pessoa física

Empréstimo pessoal (banco)

5,21%

Comércio

5,93%

Cheque especial

7,61%

Cartão de crédito

10,34%

Empréstimo pessoal (financeiras)

11,07%

Fonte: Associação Nacional dos Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade (Anefac)

 

Os credores são as empresas de créditos pessoais, que, devido ao grande índice de inadimplência, freqüentemente convocam seus clientes com dívidas em atraso por mais de três meses para oferecerem abatimentos em torno de 30% para os interessados na liquidação da dívida. O cartão de crédito, quem não consegue pagar o total da fatura por dois meses deve negociar com a administradora cartão. Depois de fechado o acordo, não deixe de cumpri-lo; em caso de dúvida, releia o seu contrato ou procure o Procon de sua cidade.
 
Cuidado: Financiamentos e crédito pessoal excluem de suas taxas divulgadas despesas como a Taxa de Abertura de Crédito (TAC) e o Imposto sobre Operação Financeira (IOF). Com elas incorporadas, as taxas ficam muito mais altas.
 
 
Forma alternativa de crédito mais barata
Crédito consignado
Modalidade de crédito com desconto em folha de pagamento. Possui menor risco de inadimplência visto que o pagamento é debitado diretamente da folha de pagamento, ou seja, não há como não pagar. Com isso, a taxa de juros consegue ser menor que um crédito comum (abaixo de 2,0% a.m.). Popular para os aposentados, esta modalidade de crédito está se expandido para outros públicos, e seus juros já são os menores do mercado.
 
 
Fuja do dinheiro fácil!
As dicas para evitar as armadilhas do crédito caro são simples, como você já deve imaginar. Aliás, a grande maioria delas (todas) você já conhece. Que tal colocá-las em prática ou fazê-las chegar a quem precisa de uma mão amiga?
1. Evite os estabelecimentos com fachadas muito coloridas e insinuantes, que normalmente trazem cartazes ou anúncios do tipo "Dinheiro fácil, entre aqui". Este tipo de dinheiro é tão perigoso (leia-se caro) quanto o cheque especial e o rotativo do cartão de crédito. Costumo dizer que o templo do dinheiro não são os bancos ou financeiras, mas o trabalho e a disciplina;
2. Investigue alternativas mais baratas de crédito e use-as para cobrir eventuais dívidas muito caras que estejam em andamento. Se você deve no cartão, então paga cerca de 10% ao mês de juros. Não sabia? Ora, busque um empréstimo tipo CDC, por exemplo, e troque a dívida muito cara por outra mais barata. Evite ao máximo usar o limite do cheque especial;
3. Ah, sim, prefira poupar e comprar à vista. A dica clássica, mas essencial. Dê um tempo para o consumismo e para as expectativas da sociedade. Pense mais em você e em seu futuro financeiro, coisa que a sociedade, seja lá o que ela represente, não faz - e não fará - por você.
 
Consumo consciente significa mais do que apenas comprar o necessário. Significa comprar o necessário em condições comerciais favoráveis, inteligentes para o seu bolso e que não prejudiquem seu fluxo de caixa futuro e seus investimento.