UPP é solução ou se tornou problema?

02/11/2011 18:56
Por Fernanda Santana, Leonardo Cunha e Mauricio Kopke
 
As Unidades de Policia Pacificadora, mais conhecidas como UPPs, foram criadas com a esperança de solucionar a criminalidade em comunidades pacificadas, inserindo a polícia onde antes existia o tráfico, mas sofre com problemas freqüentes. O projeto foi criado pela Secretária Estadual de Segurança Pública do Rio de Janeiro, com o objetivo de controlar áreas antes dominadas pelo poder paralelo e ajudar no direito de ir e vir dos moradores dessas comunidades.
 
A primeira UPP foi instalada na Favela Santa Marta, em novembro de 2008. Atualmente, o programa de Polícia Pacificadora está presente em 17 localidades, com cerca de 3.500 policiais militares atuando no total. Segundo o Governo do Estado, o Rio deve possuir, até 2016, cerca de 40 unidades, com um contingente de 10 a 12 mil policiais presentes nas favelas.

Secretário de Segurança, José Mariano Beltrame, discursa na inauguração da UPP no Andaraí

 
 
Com a implantação das UPPs, as autoridades esperam garantir a entrada de serviços públicos fundamentais como: luz, água, limpeza pública e, assim, levar democracia e cidadania aos moradores desses locais. No entanto, o projeto vem sofrendo duras críticas pela prioridade dada a Zona Sul do Rio, como forma de reduzir a criminalidade primeiro nos bairros mais ricos da cidade, em detrimento das áreas mais afastadas. Freqüentemente, a mídia divulga notícias de troca de tiros em locais já ‘pacificados’, descobertas de esquemas de propina e, o mais comum, abuso de poder por parte da policia.
 
O Secretário de Segurança do Rio, José Mariano Beltrame, reconheceu recentemente, em entrevista, que há muitas falhas no sistema, mas acredita que esta ação ainda será um sucesso. “Centenas, para não dizer milhares de pessoas, hoje não são mais escravas da mira de um fuzil. Para se conquistar isto, nós vamos ter algum problema”, concluiu.
 
Para o Governador do Rio, Sérgio Cabral, a redução da criminalidade nas áreas pacificadas foi tão significativa, que valorizou os imóveis e, com isso, acabou criando na sociedade uma certa expectativa "de que tudo estava resolvido. Mas não está. Ainda há uma longa estrada pela frente de integração asfalto-comunidade e de recuperação da dignidade dessas pessoas", declarou.
 
A população continua se perguntando: essa idéia é capaz de resolver os problemas de violência no Rio? Com uma polícia em grande parte corrupta, as UPPs permanecerão por muito tempo ou será somente até os Jogos Olímpicos de 2016? Só o tempo dirá.