Mais estranho que a ficção

03/11/2011 02:33
Por Fernanda Santana, Leonardo Cunha e Mauricio Kopke
 
A sociedade brasileira vive constantemente com aquela sensação de impunidade. E isso vem aumentando durante os últimos acontecimentos. Diariamente, são noticiados casos de ameaças de morte ou assassinatos envolvendo pessoas que tentam, de todas as formas, acabar com a corrupção no nosso país. Mas o que vemos, chega a ser mais triste e vergonhoso do que pensamos.
 
Como aconteceu com a Juíza Patrícia Acioli, de 47 anos, que foi morta com 21 tiros disparados por policiais corrompidos, em Piratininga, Niterói, Região Metropolitana do Estado do Rio de Janeiro. Ao todo, 11 policiais militares envolvidos em milícias, foram indiciados pelo homicídio e já estão presos. A juíza vinha sofrendo ameaças de morte há algum tempo, e não era segredo que o motivo para isto era o seu desejo de acabar com a corrupção dentro da polícia. O que mais chama atenção é fato de que, aqueles deveriam proteger foram os algozes.
 
Além deste, outro caso intrigante passa a fazer parte da nossa realidade. Como ocorre com o Deputado Estadual do PSOL-RJ, Marcelo Freixo, de 44 anos, que saiu do Brasil após receber sete ameaças de morte consecutivas. Freixo é o principal responsável pela “caça” aos milicianos no Rio. O trabalho do parlamentar, também ativista dos Direitos Humanos, inspirou um dos personagens do aclamado filme “Tropa de Elite 2”, que narra a história de um policial em combate ao crime dentro da Polícia Militar do Rio de Janeiro. O longa ganhou o mundo e é um dos possíveis indicados ao Oscar 2012 de Melhor Filme Estrangeiro.
 

"Quando a mídia legitima o discurso da guerra e reafirma que existe um inimigo, ela legitima a eliminação desse inimigo" (Marcelo Freixo)

 

Com isso, o Rio volta a estampar as páginas da mídia internacional, só que desta vez de uma forma negativa. Esses acontecimentos não são uma boa publicidade para o país que sediará a Copa do Mundo, em 2014, muito menos para a cidade-sede dos Jogos Olímpicos, em 2016. O choque da imprensa é dado ao fato de deputado ser “expulso” de seu país por conta da atuação de facções criminosas.
 
Segundo o deputado, ele “saiu do país para se proteger e, no exterior, terá chances de aumentar a pressão internacional sobre o Brasil para que se combata esse problema em todo o estado”. A sociedade carioca deseja que isso funcione.